"(...) pus em Ricardo Reis toda a minha disciplina mental, vestida da música que lhe é própria."
Fernando Pessoa
MEMÓRIA DESCRITIVA – TIPOGRAFIA RICARDO REIS
Características do heterónimo
Ricardo Reis, um dos mais conhecidos heterónimos de Fernando Pessoa, viveu conforme a natureza, liberto de paixões e alheio às circunstâncias. Procurou alcançar a quietude, a felicidade e a paz através do fascínio pela Natureza. Buscou prazeres moderados, fugiu à dor, defendeu a ataraxia (busca da felicidade com a tranquilidade) e o estoicismo, ou seja, aceitou calma e serenamente a ordem das coisas e do destino, através da auto-disciplina e da abdicação. Todas estas características estão representadas nas estrofes escolhidas para a ilustração, que serviram de base para a mesma.
Ricardo Reis, um dos mais conhecidos heterónimos de Fernando Pessoa, viveu conforme a natureza, liberto de paixões e alheio às circunstâncias. Procurou alcançar a quietude, a felicidade e a paz através do fascínio pela Natureza. Buscou prazeres moderados, fugiu à dor, defendeu a ataraxia (busca da felicidade com a tranquilidade) e o estoicismo, ou seja, aceitou calma e serenamente a ordem das coisas e do destino, através da auto-disciplina e da abdicação. Todas estas características estão representadas nas estrofes escolhidas para a ilustração, que serviram de base para a mesma.
Explanação da tipografia
Esta composição gráfica, que pretende retratar não só Ricardo Reis, mas, essencialmente, o poema em questão (“Vem sentar-te comigo Lídia à beira-rio”), não é mais do que um fluir dos seus próprios pensamentos no elemento rio, aqui exposto tipograficamente.
Assim sendo, a minha tipografia relativa a este heterónimo, privilegiando a sua ligação à natureza, representa um rio - elemento essencial do poema - que desce a montanha procurando o mar. A montanha é delineada com as letras negras carregadas e preenchida com um tom mais claro e suave. Já o rio é traçado com letras azuis, pretendendo-se levar o observador a percepcioná-lo mais facilmente. As estrofes principais são realçadas no interior do rio: “Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim – à beira rio – pagã triste e com flores no regaço”. O facto de estas se apresentarem alternadas em relação à cor e posição que ocupam pretende reflectir o movimento do rio.
Resolvi salientar algumas palavras na composição tipográfica através do uso de maiúsculas. Como podemos ver essas palavras interpelam, na sua maioria, os sentidos e sentimentos, como são exemplo “ouvindo”, “vendo”, “sofrer”, “amor”, “invejas”, etc. O objectivo é acentuar que Ricardo Reis subordinava o sentimento à razão, sentindo repúdio da confusão entre ideias e emoções. Reis distingue-se por ser o poeta da razão e da intelectualização das emoções.
Uma última nota para ressalvar o facto de não ser por acaso que o rio é tão constantemente referido nos poemas de Ricardo Reis, e daí a escolha para este projecto. O rio é como uma imagem da vida que passa, o que vai de acordo com as suas principais características referidas anteriormente e a sua filosofia de vida. As suas ideias fluem como um rio, e penso ser o rio que, simbolicamente, melhor representa a sua maneira de estar perante a vida.
Sem comentários:
Enviar um comentário