sábado, 20 de junho de 2009

Proposta de Trabalho n.º 4 - Infografia - Resultados das Eleições Europeias

Introdução
A proposta de trabalho n.º 4 baseia-se na elaboração de uma ilustração infográfica que tenha como tema de trabalho uma notícia à nossa escolha. A minha escolha recaiu sobre o resultado das eleições europeias de 2009 que se realizou no dia 7 de Junho do presente ano.

Tendo como mote “Se uma informação pode ser comunicada com uma imagem, para quê palavras? Show, don’t tell!” resolvi simplificar a informação ao máximo.

Trabalho faseado
A primeira fase deste projecto foi a recolha de informação, através da leitura de notícias relativas às eleições europeias nos diversos meios de comunicação social. As fontes foram, portanto, bastante diversas, desde jornais impressos, como o Público e Jornal de Notícias; revistas semanais, como a Visão; canais de televisão, como a SIC e RTP1; jornais online e outras fontes online, como o site oficial de resultados das eleições europeias. Analisando esta multiplicidade de fontes consegui me certificar que a informação que iria transmitir seria a verdadeira. A veracidade dos factos difundidos é fundamental em qualquer meio de comunicação, podendo este factor ser o fim da credibilidade de um meio de comunicação social perante os seus leitores.

Após uma leitura aprofundada acerca do tema e recolha dos dados existentes, parti para a escolha daqueles que seriam os mais importantes na perspectiva do leitor. Assim, resolvi ocultar os resultados europeus e concentrar-me nos resultados obtidos em Portugal. A fase seguinte foi a que se revelou mais complexa: organizar a informação no campo visual previamente definido, 20 cm X 20 cm. Como representar a informação visualmente? Passo a explicar os vários elementos constitutivos da minha infografia.

Explicação da infografia
A informação que se revelou mais importante foi, obviamente, o resultado das eleições para cada partido concorrente, principalmente os mais conhecidos e que costumam realizar disputas políticas e governamentais. Assim, achei que a forma mais perceptível visualmente de transmitir a ida às urnas seria a própria imagem da urna. Para identificá-las relativamente a cada partido, criei um boletim de voto para cada um deles com o logótipo correspondente.

Para facilitar a compreensão dos resultados obtidos pareceu-me que a melhor alternativa seria fazer uso da técnica de escala. Deste modo, os partidos que conseguiram reunir maior número de votos ficaram com uma urna maior, numa perspectiva descendente. Ou seja, O PSD ao reunir 32% de votos tem uma urna maior que o PS que reuniu 27%, e assim sucessivamente. A escala de tamanho das urnas foi sendo construída em relação ao tamanho da primeira, a com mais votos. Esta é uma forma fácil de transmitir a informação da percentagem conquistada pois não é necessário ler o número exacto para saber que o PSD saiu vencedor, seguido do PS e que BE e CDU conquistaram mais ou menos o mesmo número de votos e o CDS/PP pouco menos que estes.Os restantes movimentos e partidos, por terem resultados pouco significativos, foram excluídos desta técnica de uso da imagem da urna e do boletim de voto. Optei por usar novamente o logótipo de cada um deles seguido da percentagem obtida. Como os valores variam pouco foram todos apresentados com o mesmo tamanho. O uso do logótipo em vez do seu próprio nome acaba por facilitar o entendimento da informação porque além de eliminar algum texto é mais atractivo a nível visual.

Outra informação importante a transmitir seria o número de deputados conquistados para cada um dos partidos. Estes foram unicamente os representados com as urnas. Recorri novamente ao uso do logótipo para a identificação do partido e optei por usar um pictograma para representar cada deputado. Uma vez que estamos a falar de eleições a nível europeu, e porque um dos símbolos da Europa é a estrela, resolvi personalizar cada pictograma transformando a cabeça de cada homem numa estrela. Tal pretende adaptar a imagem a esta situação particular. Assim sendo, o PSD conquistou oito deputados, o PS sete, o BE três, a CDU e CDS/PP dois cada um. O uso desta técnica permite, novamente, uma comparação fácil entre as conquistas dos diversos partidos, sabendo à partida que os que não foram representados com urna não conquistaram nenhum deputado para o Parlamento Europeu.

Um dos factos mais falados destas eleições foi o grande nível de abstenção, logo, pareceu-me óbvio ter de apresentar esses valores na minha infografia. A princípio resolvi brincar um pouco com os números das Eleições Europeias, fazendo uma escala descendente de números, acompanhada por uma escala de cinzentos. Salientei o número de inscritos, 9.683.053, seguido do número de abstencionistas, 6.121.698, e do número de votantes, 3.561.355. Tal leva à fácil percepção de um facto no mínimo curioso, o número de abstencionistas é maior, cerca de o dobro, do número de votantes. Seguem-se o número de votos brancos, 164.917, e de votos nulos, 71.158. Por último, e já com tonalidade branca, o número mais baixo destas eleições, o dos deputados eleitos: vinte e dois.

Esta técnica de gradação de cores e apresentação de números, que pela sua dimensão chamam à atenção, pareceu-me eficaz, mas achei que deveria salientar ainda mais o caso da abstenção, muito falado pelos meios de comunicação social. Assim, pela sobreposição de dois círculos, o azul relativamente aos inscritos, e um vermelho, temos como resultado um círculo roxo. Tal círculo representa o índice de abstenção, 63,22% dos inscritos. Pelo que o número de votantes, apenas 36,78% do total, fica limitado à parte vermelha. Esta técnica permite ter uma percepção fácil de que a abstenção representou realmente uma grande parte dos inscritos e que apenas cerca de 37% desses é que votou.

Para finalizar, e porque estas eleições ficaram marcadas por um grande confronto entre o Primeiro-Ministro José Sócrates e a candidata do PSD ao cargo, Manuela Ferreira Leite, salientei duas declarações feitas pelos mesmos. A imagem dos intervenientes foi a maneira mais fácil de os identificar. José Sócrates, contrariamente a Ferreira Leite, está representado a preto e branco porque a maioria das notícias davam-no como o grande derrotado destas eleições. Talvez este seja um juízo de valor que os meios de comunicação não devessem fazer, mas como esta infografia pretende ser uma representação dessas notícias veiculas, o uso do preto e branco foi a maneira de salientar a vitória e derrota, ainda que indirectamente. As declarações falam por si.

INFOGRAFIA: A INFORMAÇÃO VISUAL

Com fundamentos em Edward R. Tufte (“Envisionig Information”), Marília Scalzo (“Jornalismo de Revista”) e Alberto Cairo (“Infografia 2.0: visualización interactiva de información en prensa)

“The world is complex, dynamic, multidimensional; the paper is static, flat. How are we to represent the rich visual world of experience and measurement on mere flatland?”
(Tufte, 1994:9)

Assim começa Edward R. Tufte o seu livro - “Envisioning Information”. Esta é, na realidade, a grande dificuldade do infografista, mas também o grande desafio.
Segundo Alberto Cairo «un infográfico (o infografia) es una representación diagramática de datos» (Cairo, 2008:21). O mesmo diz que «Vivimos un tiempo de transición para la infografía periodística, el uso de diagramas con fines informativos». A infografia é uma nova linguagem jornalística que começa a ocupar cada vez mais espaço nos meios de informação, juntamente com as fotografias e ilustrações. Graças a grande parte das transformações que operaram no século XX, nomeadamente as inovações na indústria gráfica, os meios de comunicação «apresentam um nível de requinte visual antes inimaginável» (Scalzo, 2004:29).
Os elementos visuais, aliados com texto permitem uma maior eficácia em relação à comunicação de dada informação. Tendo em conta o estilo de vida que domina na população, parece óbvio que a infografia seja uma linguagem em expansão. Deste modo, a informação pode ser lida em poucos minutos, já que tem carácter predominantemente visual, e apresenta-se de forma fácil e simples de compreender para uma grande parte da população.

Existem uma série de características da infografia que devemos ter em conta quando pensamos na sua elaboração ou quando apenas reflectimos sobre elas. Em primeiro lugar, a ligação e interacção entre o texto e a imagem. Depois há que considerar a clareza no tratamento da informação, uma vez que a imagem passa a ser ela própria detentora da informação condensada, ganhando neste sentido grande relevância. O objectivo de uma infografia é, sempre, facilitar a compreensão da informação e dar uma noção clara e rápida dos factos e conceitos da notícia aos seus leitores. Assim sendo, há que reforçar a ideia de que a mensagem a transmitir deve ser objectiva, clara, concisa, permitindo um processo de comunicação rápido e eficaz, tal como pretendido.

O principal objectivo de uma infografia é informar. Segundo Scalzo, «qualquer erro, por menor que possa parecer, destrói todo o trabalho (uma imprecisão de desenho no formato da asa de avião ou na proporção de um prémio, por exemplo, pode tirar toda a credibilidade da informação)». (Scalzo, 2004:75). Deve se ter sempre em mente o rigor na apresentação da informação, que se quer exacta, de forma a não perder credibilidade face os leitores de dada infografia. Tendo em conta uma das matérias por nós já estudadas – a cor – esta deve ser um elemento importante a considerar numa infografia. Scalzo salienta o uso das cores que devem ser «usadas como recursos para dar mais clareza e nunca confundir o leitor» (ibidem).

Cairo evidencia que a componente central de qualquer infografia é um diagrama que «es una representación abstracta de una realidade» (Cairo, 2008:22). A abstracção revela-se uma característica essencial, sendo o lema «eliminar lo innecesario para que lo necesario destaque» (ibidem), pelo que um dos exemplos mais claros é o diagrama de um metro, como o de Londres de Henry Beck, 1933.

Na minha opinião, a infografia é uma verdadeira arte. Uma arte que assume com uma componente prática extremamente importante: a de permitir a transmissão de informação simplificada para um público cada vez mais diversificado.