quarta-feira, 25 de março de 2009

Um pouco mais de tipografia

"Typography is the middle space between image and spoken word."

É de facto interessante analisarmos que as letras comunicam realmente como matéria visual além da sua função óbvia de textualidade.

Deixo aqui três tipografias que encontrei e que são exemplo disso: http://workshop.carvalho-bernau.com/





Não é necessário lermos a palavra em si ("direcção", "tetris" ou "paper clip") para entendermos a mensagem. As letras, elas próprias, vão nos guiando para aquilo que é o desígnio do seu designer.

O mundo da tipografia é de facto fascinante!

terça-feira, 24 de março de 2009

A tipografia

"Graphic design is typography, derives from typography, and can’t exist without typography."
George Everet.

A tipografia tem vindo a ser o nosso novo tópico de estudo. Pretende-se que entendamos a letra como matéria visual e com "grafismo autónomo da sua função textual".

Em breve publicarei um artigo crítico sobre este mote (quando tiver bases suficientes sobre o assunto, por enquanto fico-me pelas leituras). Entretanto, aqui fica uma caricatura tipográfica de Fernando Pessoa que encontrei algures na Internet e achei muito interessante.

sábado, 21 de março de 2009

Etapa n.º4 da P1 - A fundamentação de um possível produto final

INTRODUÇÃO
A proposta de trabalho n.º 1 da unidade curricular de Design e Comunicação Visual trata-se, muito resumidamente de, tendo como tema de trabalho uma música à nossa escolha, elaborar uma composição que seja a interpretação visual do tema escolhido. De acordo com a matéria teórica que temos vindo a abordar nas aulas, deveríamos ter em conta os elementos básicos da comunicação visual, bem como as técnicas da mesma. Trata-se fulcral fazer uma memória descritiva de todo o trabalho desenvolvido e, principalmente, uma explicação de um possível produto final.

A CAPTAÇÃO DA MENSAGEM
Para fazer uma boa composição visual é necessário saber direccionar o olhar da pessoa que o vai observar, pelo que o desenvolvimento da composição deve ser consciente e planeado de modo a atingir-se os objectivos estabelecidos, neste caso o objectivo fundamental é que a mensagem da música seja transmitida visualmente. Os elementos visuais sendo a substância básica daquilo que nos rodeia devem ser combinados através das técnicas visuais. Como dizia D. A. Dondis: “A forma expressa o conteúdo. A mensagem e o método de expressar dependem consideravelmente da compreensão e capacidade de usar técnicas visuais: as ferramentas da composição visual.”
Em primeiro lugar, tornou-se importante ouvir a música indefinidas vezes de modo a captar o seu sentido oculto, ou pelo menos dar-lhe um sentido pessoal que já estava razoavelmente definido por ser uma música que a mim já me dizia muito. De seguida tratou-se de um trabalho por fases, pelo que o possível produto final que apresento foi uma evolução de uma ideia inicial simples que foi sendo desenvolvida e completada à medida que a imaginação e ideias fluíam.

A ABSTRACÇÃO/DESCONTRUÇÃO DA REALIDADE
Aristóteles dizia que “a finalidade da arte é dar corpo à essência secreta das coisas, não copiar a sua aparência.”. Também Pablo Picasso partilhava a mesma ideia: “Eu não pinto as coisas como as vejo, mas sim como as penso.”. Tendo em conta estas duas referências, e também Mondrian, que foi objecto da minha análise crítica, optei por não fazer algo muito “apegado” ao real. Com isto quero dizer que tentei recriar visualmente, através do simbolismo de vários elementos da composição, os sentimentos e emoções trazidos com a música. Penso que esta escolha faz todo o sentido, uma vez que as emoções não são palpáveis na realidade, pelo que a realidade não transmite de modo directo as mesmas. Ainda assim, o que para mim significa uma coisa, pode significar algo diferente para outra pessoa. Aqui reside a riqueza mas também ambiguidade deste projecto, daí a necessidade inquestionável de uma justificação da composição elaborada. Passemos à explicação dos elementos e técnicas visuais utilizadas, não esquecendo que “a arte é a expressão dos mais profundos pensamentos da maneira mais simples”(Albert Einstein).

A DEFINIÇÃO DA "HISTÓRIA"
Faço aqui um parêntesis explicativo do que representa a música “Secret Smile” dos Semisonic, que sentimentos suscita, que possibilidades me abre no campo visual que acabam por justificar os elementos e técnicas de comunicação usados.
A música está bastante relacionada com o amor e a afectividade. É como que um apelo por parte de uma personagem a que a outra (“ela”) torne a sua vida melhor: “Remove this whirling sadness / I’m losing, I’m bluesing/ But you can save me from madness”. É como se “ela” tivesse algo de mágico, aliás, ela é a última esperança “dele”: “When you are flying around and around the world / And I'm lying alonely / I know there's something sacred and free reserved / And received by me only”. Existe algo único entre “eles” uma vez que, “Nobody knows it but you've got a secret smile / And you use it only for me”. O sorriso é aqui tido com sentido figurativo, pelo que outros sentimentos estão aqui denotados.

ELEMENTOS E TÉCNICAS UTILIZADAS E SUA JUSTIFICAÇÃO PERANTE A MENSAGEM DA MÚSICA
Porque “criatividade não significa improvisação sem método” (Bruno Munari) explicito os elementos e técnicas usadas que foram a solução à pergunta: como transmitir simbolicamente a mensagem da música?
Começando a análise pela parte superior da primeira composição vemos vários círculos geometricamente organizados. Tais elementos pretendem representar a sociedade, denotando-se que dois se diferenciam dos restantes, querendo tal identificar as “personagens” da música (irregularidade/acento – “la atmósfera de neutralidade es perturbada en un punto por el acento, que consiste en realzar intensamente una sola cosa contra un fondo uniforme” Dondis). O facto de serem iguais em termos de escala transparece a ideia de que são apenas “dois entre a multidão”, ou seja, passam despercebidos no seio da sociedade. Apesar de não serem nada sozinhos, são tudo quando isolados, daí a separação entre a parte superior e inferior da composição (tempos diferentes) e também daí o facto de os dois círculos que os representam estarem no canto inferior direito, o mais próximo possível do enquadramento. O uso da cor branca no círculo esquerdo dá a aparência de ser maior que o outro (uso da escala), o que significa parte da mensagem da música - ela é tudo para ele! Ele não pode viver sem ela! Contudo, o círculo “dele” encontra-se fragmentado (uso da fragmentação) uma vez que neste momento da música ele ainda apela à sua ajuda. O uso do círculo em detrimento de outras figuras geométricas não foi escolha ao acaso, pelo que este elemento representa “sinal supremo de perfeição” (dicionário de símbolos), podendo ainda estar associado à forma da face de um indivíduo. Mas o simbolismo atinge o seu auge no uso do elemento fogo. “O fogo pode ser visto como uma força de purificação: destrói, limpa, purifica”, estando portanto relacionado com as estrofes: “Remove this whirling sadness…”. Consome, aquece e ilumina! A luz pelo fogo emanada pode também ser aqui analisada. “Simbolicamente está associada à vida, à felicidade, contrariamente à escuridão”. Pessoalmente, também eu relaciono o fogo ao amor, à paixão triunfante, ao poder e glória. O fogo brilhante, que ilumina, que encanta e transforma, que aconchega e transmite calor emocional. O nome da música é como que iluminado pelo fogo o que dá um efeito visual interessante.
Na segunda composição vemos que existiu uma evolução relativamente à primeira. O fogo já consumiu o fósforo, tendo purificado o ambiente representado primeiramente. Assim sendo, as personagens são agora um só, união de dois círculos distintos, existe unidade: “La unidade es un equilíbrio adecuado de elementos diversos en una totalidad que es perceptible visualmente.” (Dondis). Como existiu uma evolução, denotamos sequencialidade: “respuesta compositiva a un plan de presentación que se dispone en un orden lógico”; coerência: “técnica de expresar la compatibilidad visual desarrollando una composición dominado por una aproximación temática uniform” e continuidade: “una serie de conexiones visuales ininterrumpides, que resutan particularmente importantes en culquier decleración visual unificada”. Estas técnicas de comunicação visual são fundamentais no conceito queria dar relativamente à música até porque "compor é organizar com sentido de unidade e ordem os diferentes factores de um conjunto para conseguir o maior efeito de atracção, beleza e emoção”.

EM JEITO DE CONCLUSÃO/REFLEXÃO
Talvez porque a “imaginação é a visão da alma” (Joseph Joubert) senti algumas dificuldades em me exprimir visualmente numa fase inicial do projecto. Contudo, os recursos disponibilizados e a recolha fotográfica foram permitindo que eu desconstruísse o real e me fosse abstraindo. De qualquer modo, sinto que possuo agora uma sensibilidade diferente relativamente à arte, mas que pode evoluir com mais trabalho e empenho ao longo do semestre. Apesar de ter conferido um sentido muito específico relativamente à composição visual, e de ter achado importante acompanhá-la com este texto que acabou por se revelar longo, termino com um pensamento de Bruno Munari que me poderá ser útil em termos de evolução da minha percepção visual: "O maior obstáculo para compreender uma obra de arte é a de se querer compreender”.

Esperam-se novas evoluções em futuros trabalhos ou possíveis reformulações dos mesmos! Tentando sempre melhorar :)

quarta-feira, 18 de março de 2009

Etapa n.º3 da P1

Busca incessante de algo que faça sentido, que capte a mensagem da música e que seja aliciante em termos visuais. Desenvolvimento de uma ideia inicial...





Em breve: possível produto final e sua fundamentação.

terça-feira, 17 de março de 2009

Etapa n.º2 da P1

Como segunda etapa da primeira proposta que nos foi feita, procedi a uma recolha fotográfica que pudesse, de alguma forma, ser uma possível representação gráfica da música escolhida. Procurei elementos básicos da realidade que me rodeia que, ainda que não resultando directamente no que queria expressar graficamente, me inspiraram a criar uma composição visual mais trabalhada apartir das mesmas.

Aqui ficam alguns exemplos das fotografias tiradas.
Nota: Ausentam-se as escolhidas para o trabalho, que serão publicadas posteriormente fazendo já parte de um possível produto final.
























sábado, 14 de março de 2009

Etapa n.º1 da P1

A escolha da música a representar visualmente é a etapa n.º1 de todo o processo. Eu escolhi a música Secret Smile dos Semisonic.

Aqui poderão ouvi-la e acompanhar também a letra que colocarei abaixo.

 Semisonic - Secret smile


Nobody knows it but you've got a secret smile
And you use it only for me
Nobody knows it but you've got a secret smile
And you use it only for me

So use it and prove it
Remove this whirling sadness
I'm losing, I'm bluesing
But you can save me from madness

Nobody knows it but you've got a secret smile
And you use it only for me
Nobody knows it but you've got a secret smile
And you use it only for me

So save me I'm waiting
I'm needing, hear me pleading
And soothe me, improve me
I'm grieving, I'm barely believing now, now

When you are flying around and around the world
And I'm lying alonely
I know there's something sacred and free reserved
And received by me only

Proposta de trabalho n.º1 (P1) ELEMENTOS E TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO VISUAL

Na primeira proposta de trabalho para a disciplina de DCV é nos pedido que, tendo como tema de trabalho uma música à nossa escolha, elaboremos uma composição que seja a interpretação visual do tema escolhido.

Essa mesma composição deverá ser constituída pelos elementos básicos da comunicação visual, organizados segundo as técnicas de comunicação visual que achemos adequadas.

Uma memória descritiva deverá justificar as escolhas feitas nestes campos.

Vou deixar a música apoderar-se de mim!!:)

terça-feira, 10 de março de 2009

A mensagem visual de Mondrian

A arte é acima de tudo uma forma de expressão. Já dizia Paul Veléry que “o objectivo profundo do artista é dar mais do que aquilo que tem”. Esta frase assenta perfeitamente no conceito de arte adoptado por Mondrian. Quem é que nunca ouviu falar deste grande artista? Ou antes, quem nunca ficou maravilhado perante a visão das suas obras? Sinto que as suas obras são tão genuínas que é como se nos falassem, porque nos atraem visualmente e, realmente, nos comunicam uma mensagem.

"Amaryllis" Mondrian, 1910


Pieter Cornelis Mondrian, geralmente conhecido por Piet Mondrian, foi um pintor holandês modernista. Os seus primeiros trabalhos, na sua grande maioria, eram pinturas de calmas paisagens em tons de suaves cinzentos, cor de malva e verdes escuros. Contudo, cedo começou a demonstrar outros propósitos, experimentando cores mais brilhantes com o intuito de transcender da natureza. Deste modo, desenvolveu um estilo cada vez mais abstracto.

"Composition in line and color" Mondrian, 1913

O princípio do século XX procurou um novo olhar sobre o mundo e Mondrian levou a abstracção até aos seus limites. O abstraccionismo acaba por substituir a realidade exterior pelas cores, formas, linhas, planos, usando as relações formais entre estes elementos para compor a realidade da obra, de modo não representativo. O artista baseia-se nas suas próprias reacções afectivas e ideias, expressando-as inovadoramente e aprofundando as relações entre os elementos da obra. Vemos então que esta arte é composta pelos próprios elementos básicos de comunicação visual por nós estudados, como o ponto, a linha, o contorno, a direcção, a tonalidade, a cor, a textura, a dimensão e inclusive, o movimento.

Mondrian foi além dos demais artistas e começou a formular as suas próprias teorias estéticas. O seu estilo – Neoplasticismo - intimamente relacionado com o abstraccionismo, defendia uma total limpeza espacial para a pintura, reduzindo-a aos seus elementos mais puros. Analisemos algumas das suas obras do ponto de vista dos elementos básicos da comunicação visual, até porque como diz D. A. Dondis no livro “La sintaxis de la imagem”: “para analizar y comprender la estructura total de un lenguaje es útil centrarse en los elementos visuales, uno por uno, a fin de comprender mejor sus cualidades específicas.”


Composition with Black, White, Yellow and Red, Mondrian

Como vemos em “Composition with Black, White, Yellow and Red”, Mondrian evita a reprodução do mundo material, usando apenas linhas pretas verticais e horizontais que delimitam blocos de branco, vermelho, amarelo e, noutras obras, azul. Como vemos, a linha, entendida como um conjunto de ponto “que no pueden reconocerse individualmente” (D.A. Dondis), é a base de toda a obra. A cor é também um factor não deixado ao acaso, pelo que necessitando de ressaltar o aspecto artificial da arte, usou apenas as cores primárias (vermelho, amarelo, azul) em estado de máxima saturação (artificial), assim como o branco e o preto (inexistentes na Natureza, o primeiro como presença total e o segundo ausência total de luz). Através do uso do elemento básico da escala, diferenciamos neste obra os pequenos quadrados vermelhos do quadrado amarelo. Como composição visual, vemos que a sua obra revela harmonia pelo que seria impossível falar de Mondrian e não referir o famoso “número de ouro” aplicado à arte. O rectângulo de Ouro é conhecido como sendo a forma visualmente mais equilibrada e harmoniosa e consiste em "seccionar um segmento de recta de tal forma que a parte menor esteja para a maior como este está para o todo".

Nesta obra Mondrian aposta mais uma vez apenas nos elementos básicos da linha e pontos coloridos (as cores voltam a ser primárias, facto já analisado na obra anterior). Aqui está a prova de como é possível comunicar visualmente apenas com estes dois elementos. O leitor da obra fará a sua própria captação da mensagem, de acordo com a sua experiência visual e criatividade.

New York city”Mondrian, 1941-42

Esta pintura foi inspirada numa visita que Mondrian fez a Nova Iorque, mas as formas geométricas continuam presentes. Em termos de superfícies ou planos as suas obras, maioritariamente, transparecem a sensação de harmonia e de tranquilidade, que provém das formas geométricas regulares usadas, como por exemplo o quadrado (uso do elemento contorno). Nesta obra particularmente parece-me que a forma como as linhas estão usadas e a forma como se cruzam, a par das cores usadas, dão a sensação de profundidade e perpectiva.


"Broadway Boogie-Woogie", Mondrian, 1943

Termino esta minha análise acerca das técnicas e elementos visuais usados na comunicação do artista Mondrian com uma das obras que, pessoalmente, mais admiro. Trata-se de "Broadway Boogie-Woogie", no qual o artista criou um equilíbrio dinâmico entre inúmeros rectângulos e quadrados coloridos. Embora as obras de Mondrian tenham um carácter essencialmente abstracto, esta pintura inspira-se directamente em duas referências do mundo real: a grelha urbana de Manhattan e o ritmo do Boogie Woogie - estilo de dança que Mondrian apreciava particularmente. Acho que o ritmo é bem demonstrado pela variedade de cores usadas e de forma descontínua.

Este breve reviver das técnicas usadas por Mondrian permitiu-nos concluir que é possível comunicar visualmente apenas com os elementos mais básicos de comunicação visual. O modo como estes se conjugam entre si permite criar uma mensagem que passa do criador da obra ao apreciador da mesma. Cabe-nos a nós, apreciadores, captá-la e desse modo perceber que o uso de uma simples linha vertical ou de um quadrado contém muito mais do que pode parecer a um olhar desatento. Onde está um quadrado, pode estar a representação de um sentimento, de uma emoção, de um estado de espírito… Tanta coisa ao mesmo tempo que a minha lista prolongar-se-ia por linhas infinitas. Para vos poupar de mais leitura, e porque penso que mais importante do que ler algo sobre Mondrian é visualizar a sua arte, deixo-vos uma expressão de Mondrian que resume tudo o que anteriormente foi dito e permite entrar no seu próprio espírito artístico:

"Squares? I see no squares in my pictures"

Mondrian

"A PRIMEIRA FINALIDADE DE UM QUADRO DEVE SER A EXPRESSÃO UNIVERSAL"


Em breve: artigo de análise pedido pelo professor Bruno Giesteira.
A minha escolha recai para Piet Mondrian.

quinta-feira, 5 de março de 2009

“Form follows emotion.”

“Form follows emotion.”
Hartmut Esslinger