terça-feira, 7 de abril de 2009

O poder da tipografia

Sendo a tipografia o nosso novo objecto de estudo, trata-se importante fazer uma reflexão acerca do seu significado, da sua importância e da sua presença na realidade.

Podemos dizer que existem variadas formas de definir a palavra tipografia. Desde Otl Aicher que refere que «tipografia não é mais do que a arte de descobrir, em cada caso concreto, aquilo de que a nossa vista gosta e de apresentar as informações de modo tão apetitoso que a vista não lhes possa resisitir», até Indra Kupferschmid, que de forma breve e clara explicita que "Existem apenas três métodos de fazer letras: escrevê-las, desenhá-las ou produzi-las tipograficamente".

Independentemente do modo como cada autor a define, penso que o importante, e é isso que nos move neste novo projecto, é olhar a letra não só do seu ponto de vista funcional, mas também da óptica da estética e da expressividade de cada carácter tipográfico.
Roger Bringhurst, poeta e tipógrafo, dizia que «letterforms have tone, timbre, character, just as words and sentences do». São estas características enunciadas, a sonoridade, o timbre, e a personalidade, que fazem com que possamos olhar para a letra não só tendo em conta a comunicação escrita mas também a visual, aquilo que ela representa visualmente.

E, de facto, ela pode expressar muito mais do que a informação que já contém por si só, através da forma que adquire. Exemplo disso é o vídeo que apresento abaixo e que pretende ser uma ilustração das ideias defendidas neste mesmo artigo que pretende ainda ser, simultaneamente, uma análise crítica do vídeo divulgado.
A tipografia é usada pelo designer de modo a ajudar o leitor a assimilar o próprio conteúdo. Assim sendo, o texto também é uma forma de ilustração. Ele adapta-se de acordo com o que se pretende comunicar, transformando-se aspectos tão mínimos mas tão fulcrais quando: o tipo, a cor, o tamanho, … (notemos que no vídeo publicado a dada altura as letras passam de negro para vermelho, assumem diferentes posições no campo visual, ganham ou perdem ritmo, tudo isso com um propósito implícito que não passa despercebido nem ao espectador mais distraído).

Quanto à presença da tipografia na realidade podemos dizer que está em todo o lado, ainda que, como defende Paulo Heitlinger no livro “Tipografia: origens, formas e uso das letras”, nem sempre seja conscientemente detectada como tal: logótipos, cartazes, jornais, revistas, panfletos, rótulos, etiquetas, ecrãs de televisão, todos os meios de comunicação acabam por recriá-la. Aqui penso que seja importante reforçar o uso persistente em meios de publicidade, em que, pretendendo-se captar a atenção e difundir a mensagem, se faz uso sistemático da mesma.
Como explica Joan Costa, no livro “A Rebelião dos Signos: A Alma da Letra”, “A letra nasce para transmitir conhecimento e informação, mas como é um produto de design – cada letra é um desenho - e tem uma estrutura inspirada na geometria e na matemática, através do tempo vê-se como está sempre a evoluir, seguindo o ritmo da cultura”. Com isto penso que o autor pretende dizer que a letra vai-se libertando no decorrer dos tempos, interrompendo a sua função meramente simbólica de escrita, passando a ser forma de expressão máxima visualmente.

Analisando o vídeo que escolhi, penso que aqui a tipografia assume o papel máximo de relevância, o que vem a corroborar as ideias acima explanadas. É incrível observamos com atenção e repararmos que já não olhamos mais as letras como “meras letras”, mas sim como transmissoras de uma mensagem, tendo em conta a forma que assumem. Neste caso, bem como no excelente exemplo de Alex Gopher, as letras, pela sua forma e pelo seu dinamismo inerente, contam-nos uma história. A música aqui assume também uma posição preponderante, mas é a energia da tipografia que dá sempre uma força extra e essencial a toda a mensagem que se pretende transmitir.

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